Sábado, 30 de Maio de 2009

Tango argentino


publicado por oha às 08:27
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Sexta-feira, 29 de Maio de 2009

Para que sejamos necessários

"Transfere de ti para mim essa dor
de cabeça, esse desejo, essa violência.
Que careça em ti o meu excesso
e que me falte o que tu tens de sobra.

 

Que em mim perdure o que te morre cedo
e que te permaneça o que tenho perdido.
Que cresça, se desenvolva um teu sentido
que em mim desapareça.

 

Dá-me o que de possuir tu não te importas
e eu multiplico o que te falta e em mim existe
para que nosso encaixe forme uma unidade -indivisível-
que não se possa subtrair uma metade."


publicado por oha às 21:36
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Dreaming

I have often dreamt of far off places


publicado por oha às 06:06
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Viver

"Viver é a coisa mais rara do mundo.
A maioria das pessoas apenas existe."

publicado por oha às 06:05
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Quinta-feira, 28 de Maio de 2009

Sarasa Sama Dana


publicado por oha às 22:46
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Nunca mais

"Nunca mais
Caminharás nos caminhos naturais.
Nunca mais te poderás sentir
Invulnerável, real e densa -
Para sempre está perdido
O que mais do que tudo procuraste
A plenitude de cada presença.
E será sempre o mesmo sonho, a mesma ausência."


publicado por oha às 22:32
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Quarta-feira, 27 de Maio de 2009

Todos con el Sahara


publicado por oha às 13:48
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Terça-feira, 26 de Maio de 2009

O poeta e a poesia

“Os deveres do poeta foram sempre os mesmos na história. A honra da poesia foi sair à rua. A poesia é uma insurreição. Não se ofende o poeta porque o chamam subversivo. A vida ultrapassa as estruturas e há novos códigos para a alma.”


publicado por oha às 19:32
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Segunda-feira, 25 de Maio de 2009

Arms trade and poverty


publicado por oha às 22:51
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Domingo, 24 de Maio de 2009

Revolta-te


publicado por oha às 22:27
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Sábado, 23 de Maio de 2009

El Pueblo Unido Jamas Sera Vencido


publicado por oha às 19:39
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Avante Camarada

"Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!

Ergue da noite, clandestino,
À luz do dia a felicidade,
Que o novo sol vai nascendo
Em nossas vozes vai crescendo
Um novo hino à liberdade
Que o novo sol vai nascendo
Em nossas vozes vai crescendo
Um novo hino à liberdade

Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!

Cerrem os punhos, companheiros,
Já vai tombando a muralha.
Libertemos sem demora
Os companheiros da masmorra
Heróis supremos da batalha
Libertemos sem demora
Os companheiros da masmorra
Heróis supremos da batalha

Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!

Para um novo alvorecer
Junta-te a nós, companheira,
Que comigo vais levar
A cada canto, a cada lar
A nossa rubra bandeira
Que comigo vais levar
A cada canto, a cada lar
A nossa rubra bandeira

Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!"
 


publicado por oha às 19:27
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Traz Outro Amigo Também


publicado por oha às 13:12
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Sexta-feira, 22 de Maio de 2009

Os olhos do poeta

"O poeta tem olhos de água para reflectirem todas as cores do mundo,
e as formas e as proporções exactas, mesmo das coisas que os sábios desconhecem.
Em seu olhar estão as distâncias sem mistério que há entre as estrelas,
e estão as estrelas luzindo na penumbra dos bairros da miséria,
com as silhuetas escuras dos meninos vadios esguedelhados ao vento.
Em seu olhar estão as neves eternas dos Himalaias vencidos
e as rugas maceradas das mães que perderam os filhos na luta entre as pátrias
e o movimento ululante das cidades marítimas onde se falam todas as línguas da terra
e o gesto desolado dos homens que voltam ao lar com as mãos vazias e calejadas
e a luz do deserto incandescente e trémula, e os gestos dos pólos, brancos, brancos,
e a sombra das pálpebras sobre o rosto das noivas que não noivaram
e os tesouros dos oceanos desvendados maravilhando com contos-de-fada à hora da infância
e os trapos negros das mulheres dos pescadores esvoaçando como bandeiras aflitas
e correndo pela costa de mãos jogadas pró mar amaldiçoando a tempestade:
- todas as cores, todas as formas do mundo se agitam e gritam nos olhos do poeta.
Do seu olhar, que é um farol erguido no alto de um promontório,
sai uma estrela voando nas trevas
tocando de esperança o coração dos homens de todas as latitudes.
E os dias claros, inundados de vida, perdem o brilho nos olhos do poeta
que escreve poemas de revolta com tinta de sol na noite de angústia que pesa no mundo. "
 


publicado por oha às 14:37
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Quinta-feira, 21 de Maio de 2009

Palavra de Mulher


publicado por oha às 20:11
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Amanhecer

"Floresce, na orilha da campina,
esguio ipê
de copa metálica e esterlina.

Das mil corolas,
saem vespas,abelhas e besouros,
polvilhados de ouro,
a enxamear no leste,onde vão pousando
nas piritas que piscam nas ladeiras,
e no riso das acácias amarelas.

Dos charcos frios
sobem a caçá-los redes longas,
lentas e rasgadas de neblina.
Nuvens deslizam,despetaladas,
e altas, altas,
garças brancas planam.

Dançam fadas alvas,
cantam almas aladas,
na taça ampla,
na prata lavada,
na jarra clara da manhã..."


publicado por oha às 10:58
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Red Poppies


publicado por oha às 07:24
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Auto retrato

"Para onde quer que vá
já lá estive

o que quer que faça
não posso decidir

quem quer que eu ame
é uma parte

por muito que morra
fico com vida"


publicado por oha às 07:22
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Num café à noite

The Café Terrace on the Place du Forum, Arles, at Night, c.1888 Poster Card


publicado por oha às 07:04
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Que poderei de mim mais arrancar

 

"Que poderei de mim mais arrancar
P'ra suportar o dom da tua mão,
Anjo rubro do vento e solidão
Que me trouxeste o espaço,o deus e o mar?

No céu, a linha última das casas
É já azul, alada, imensa e leve.
Nenhum gesto, nenhum destino é breve
Porque em todos estão inquietas asas.

Depois ao pôr do sol ardem as casas,
O céu e o fogo passam pela terra,
E a noite negra vem cheia de brasas
Num crescendo sem fim que nos desterra."

 


publicado por oha às 06:59
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Terça-feira, 19 de Maio de 2009

Cidade


publicado por oha às 20:55
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Traduzir-se

 

"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?"

 


publicado por oha às 20:24
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Batucada


publicado por oha às 20:19
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Ouvir Estrelas

 

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
 

 


publicado por oha às 20:14
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Segunda-feira, 18 de Maio de 2009

Tunuca


publicado por oha às 21:00
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Sensualidade


publicado por oha às 20:46
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Sê paciente; espera

 

"Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça." 


publicado por oha às 20:29
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Mulheres


publicado por oha às 18:30
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Guarda a manhã

"Guarda a manhã
Tudo o mais se pode tresmalhar

Porque tu és o meio da manhã
O ponto mais alto da luz
Em explosão"

 


publicado por oha às 18:18
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Domingo, 17 de Maio de 2009

Elyne Road


publicado por oha às 14:16
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The Village


publicado por oha às 14:10
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Afeganistão: nova lei restringe direitos das mulheres

 

O projecto de lei aprovado pelo Parlamento e assinado pelo presidente Hamid Karzai, permitiria o estupro por maridos. Pela nova lei , as mulheres xiitas só podem sair de suas casas  por "razões legítimas" e precisam de autorização dos maridos para receberem instrução  ou para trabalharem. Em caso de divórcio, é quase impossível  a mãe ficar com os filhos e herdar a propriedade de seus maridos. Mas ao contrário,  é garantido aos  homens receber a propriedade de suas mulheres.

Pelo mundo inteiro, organizações de defesa dos direitos humanos e alguns governantes, condenaram a legislação e Hamid Karzai remeteu a legislação para revisão.


publicado por oha às 12:50
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Sábado, 16 de Maio de 2009

Méres et enfants


publicado por oha às 21:21
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Na América Latina...

 

"Na América Latina, a liberdade de expressão consiste no direito ao resmungo em algum rádio ou em jornais de escassa circulação. Os livros não precisam ser proibidos pela polícia: os preços já os proíbem."

 


publicado por oha às 20:59
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Água poluída

 

 

"1.5 milhões de crianças morrem todos os anos por beberem água poluída"

 

(unicef)

 

 


publicado por oha às 09:49
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Sexta-feira, 15 de Maio de 2009

The Unemployed


publicado por oha às 22:30
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Terça-feira, 12 de Maio de 2009

Syrup & Honey

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publicado por oha às 13:33
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Il grande bar


publicado por oha às 13:24
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Lembrança da Ria de Faro

 

 

"Dunas atrás da casa

gafanhotos cor de

madeira cardos cor de areia

ao fim da tarde,

barcos na água rósea

onde a cidade, em frente à casa, cai

De madeira caiada a

casa está

sobre a areia, que escurece quando

a maré devagar desce na praia"

 


publicado por oha às 13:21
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Segunda-feira, 11 de Maio de 2009

E nós a ver o mar

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publicado por oha às 17:35
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Havemos de ser outros amanhã...

"havemos de ser outros amanhã
ou daqui a momentos ou já agora
e dificilmente reconheceremos o espaço da alegria
em que noutras horas chegámos a nascer

e então meu amor
(não sei se reparaste mas é a primeira vez
que escrevo meu amor)
teremos nos olhos a cor sem cor
das roupas muito usadas
e guardaremos os despojos das noites
em que tudo sem querer nos magoava
nas gavetas daqueles velhos armários
com cheiro a cânfora e a tempo inútil
onde há muitos anos escondemos
um postal da Torre de Belém em tons de azul
e um bilhete para a matiné das seis no São Jorge
onde um homem (que muitos anos depois
segundo me contaram se suicidou)
tocava orgão nos intervalos em que
nos beijávamos às escondidas

e dessas gavetas rebenta a poeira do tempo
que matámos a frio dentro de nós
com os filhos que perdemos em camas de ninguém
e as pedras que nasceram no lugar das cinzas
e havemos de perguntar (mesmo sabendo que
já não há ninguém para nos responder)
por que foi que nos largaram no mundo
vestidos de tão frágeis certezas
por que nos abandonaram assim
no rebentar de todas as tempestades
sabendo que o futuro que nos prometiam batia
ao ritmo das horas que já tinham sido
destinadas a outros e nunca
voltariam a tempo de nos salvar

mas enquanto vai escorrendo de nós o pó
desses lugares onde ainda há vozes
que não desistiram de perguntar por nós
vamos bebendo a água inicial das nossas línguas
um ao outro devolvendo o pouco
que conseguimos salvar de todos os dilúvios"
 


publicado por oha às 17:15
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Domingo, 10 de Maio de 2009

Animais em vias de extinçao


publicado por oha às 11:29
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Sábado, 9 de Maio de 2009

Cosi Celeste


publicado por oha às 11:30
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Amantes


publicado por oha às 11:10
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Não te quero senão porque te quero

 

"Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo."
 

 


publicado por oha às 11:09
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Sexta-feira, 8 de Maio de 2009

Uns vão bem e outros mal


publicado por oha às 21:01
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Quinta-feira, 7 de Maio de 2009

Yo Pisare Las Calles Nuevamente


publicado por oha às 00:04
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Quarta-feira, 6 de Maio de 2009

Le Monde Nord-Sud


publicado por oha às 20:31
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A um poeta

"Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,

Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,
Afuguentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno...

Escuta! é a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! são canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!

Ergue-te pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate! "


 


publicado por oha às 20:22
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7 Seconds


publicado por oha às 20:12
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Domingo, 3 de Maio de 2009

People in Need

 

 

 

 

 


publicado por oha às 06:52
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Universalidade

                           "Aqui declaro que não tem fronteiras. 
                                    Filho da sua pátria e do seu povo, 
                                    A mensagem que traz é um grito novo, 
                                    Um metro de medir coisas inteiras. 
  
                                    Redonda e quente como um grande abraço 
                                    De polo a polo, a sua humanidade, 
                                    Tendo raízes e localidade, 
                                    É um sonho aberto que fugiu do laço 
  
                                    Vento da primavera que semeia 
                                    Nas montanhas, nos campos e na areia 
                                    A mesma lúdica semente, 
  
                                    Se parasse de medo no caminho, 
                                    Também parava a vela do moinho 
                                    Que mói depois o pão de toda a gente. "  

 


publicado por oha às 06:29
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Comércio Justo


publicado por oha às 06:02
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Sábado, 2 de Maio de 2009

Estados de ánimo

A veces me siento
como un águila en el aire.
-Pablo Milanés
 


"Unas veces me siento
como pobre colina
y otras como montaña
de cumbres repetidas.

Unas veces me siento
como un acantilado
y en otras como un cielo
azul pero lejano.

A veces uno es
manantial entre rocas
y otras veces un árbol
con las últimas hojas.
Pero hoy me siento apenas
como laguna insomne
con un embarcadero
ya sin embarcaciones
una laguna verde
inmóvil y paciente
conforme con sus algas
sus musgos y sus peces,
sereno en mi confianza
confiando en que una tarde
te acerques y te mires,
te mires al mirarme."
 


publicado por oha às 21:08
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Carteiro em Bicicleta


publicado por oha às 20:39
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Se


publicado por oha às 19:52
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La niña de fuego

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publicado por oha às 19:29
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Choose Love


publicado por oha às 19:24
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O vôo da águia

"Já que estamos nesse clima de recomeçar, com a alma limpa para novas coisas, vou iniciar transcrevendo algo que recebi. Havia pensado em outra crônica, coisa tipo "propostas para um novo milênio", como o fez Ítalo Calvino. Mas às vezes um texto parabólico, elíptico, pode nos dizer mais que outros pretensamente objetivos. Ei-lo:

"A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão.

Nessa idade, suas unhas estão compridas e flexíveis. Não conseguem mais agarrar as presas das quais se alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil.

Nesse momento crucial de sua vida a águia tem duas alternativas: não fazer nada e morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que se estenderá por 150 dias.

A nossa águia decidiu enfrentar o desafio. Ela voa para o alto de uma montanha e recolhe-se em um ninho próximo a um paredão, onde não precisará voar. Aí, ela começa a bater com o bico na rocha até conseguir arrancá-lo. Depois, a águia espera nascer um novo bico, com o qual vai arrancar as velhas unhas. Quando as novas unhas começarem a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. Só após cinco meses ela pode sair para o vôo de renovação e viver mais 30 anos."

Esse texto foi mandado como um cartão de fim de ano pela Rose Saldiva, da Saldiva Propaganda. Tem mais um parágrafo explicitando, comentando essa parábola e o titulo geral é "Renovação".

Achei que você ia gostar de tomar conhecimento disto, sobretudo quando janeiro nos inunda com sua luz.

Este texto vale mais que mil ilustrações.

Sei como é difícil uma nova ou surpreendente idéia para cartão de fim de ano. Mas esse, além de bater fortemente em nosso imaginário, dispara em nós uma série de correlações e desdobramentos.

A: abertura é seca e forte. Não há uma palavra sobrando. Parece as batidas do destino na Quinta Sinfonia de Beethoven. Releiam. "A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão.” ·
Já li em algum lugar que Jung dizia que, em torno dos 40, alguma coisa subterrânea começa a ocorrer com a gente e os seres humanos sentem que estão no auge de sua força criativa. É quando podem (ou não) entrar em contato com forças profundas de sua personalidade.

Já ouvi de especialistas em administração de empresas que tem uma hora em que elas começam a crescer e seus dirigentes têm que tomar uma decisão — ou fazem com que cresçam de vez assumindo mais pesados desafios ou, então, fecham, porque ficar estagnado é apenas adiar a morte.

Já mencionei em outras crônicas o personagem Jean Barois (de Roger Martin du Gard) que fez um testamento aos 40 anos, quando achava que estava no auge de sua potência intelectual, temendo que na velhice, carcomido e alquebrado, fizesse outro testamento que negasse tudo aquilo em que acreditava quando jovem. Com efeito, envelhecendo, fez realmente outro testamento que desautorizava e desmentia o anterior. É que sua perspectiva na trajetória da vida mudara, como muda a de um viajante ou a do observador de um fenômeno.

O ano está começando.

Mais grave ainda: um século está se iniciando.

Gravíssimo: mais que um ano, mais que um século, um novo milênio está se inaugurando.

Três vezes Sísifo: o ano, o século, o milênio.

Sísifo — aquele que foi condenado a rolar uma pedra montanha acima, sabendo que quando estivesse quase chegando no topo — cataprum!... a pedra despencaria e ele teria que empurrá-la, de novo, lá para o alto.

Pois bem: "A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40 anos, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão. Nesta idade suas unhas estão compridas. Não conseguem mais agarrar as presas das quais alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil.” ·

Nossa sociedade pensou ter inventado uma maneira de resolver, nos seres humanos, o drama da águia: a cirurgia plástica. Silicone aqui e acolá, repuxar a pele acolá e aqui, pintar e implantar cabelos. Isto feito, a águia sai flanando pelos salões, praias, telas, ruas, escritórios e passarelas.

Mas aquela outra águia prefere uma solução que veio de dentro. Talvez mais dolorosa. Recolher-se a um paredão, destruir o velho e inútil bico, esperar que outro surja e com ele arrancar as penas, num rito de reiniciação de 150 dias.

Então a águia, digamos, acabou de descasar.

(Tem que redimensionar seu corpo e seus desejos, desmontar casa e sentimentos, realocar objetos e sensações, reassumir filhos.)

Então a águia, digamos, acabou de perder o emprego.

(Tem que descobrir outro trajeto diário, outras aptidões, enfrentar a humilhação.)

Então, a águia,digamos, acabou de mudar de país.

(A crise ou o amor levou-a a outras paragens, tem que reaprender a linguagem de tudo e reinventar sua imagem em outro espelho.)

Então, a águia, digamos, acabou de perder alguém querido.

(É como se uma parte do corpo lhe tivessem sido arrancada, sente que não poderá mais voar como antes, que o azul lhe é inútil.)

Então, a águia, digamos, está numa nova situação em que está sendo desafiada a mostrar sua competência.

(Tem medo do fracasso, acha que não terá garras nem asas para voar mais alto.)

Então, a águia, digamos, andou olhando sua pele, sua resistência física, certos achaques de velhice.

Pois bem. Há que jogar fora o bico velho, arrancar as velhas penas, e recomeçar.

Época de metamorfose.

Os estudiosos da metamorfose dizem que não apenas larvas se transformam em borboletas. Para nosso espanto as próprias pedras passam também por silenciosas metamorfoses.

Enfim, parece que estamos condenados à metamorfose. Morrer várias vezes e várias vezes renascer. Até que, enfim, cheguemos à metamorfose final, onde o que era sonho e carne se converte em pó.

Mas que fique sempre no azul o imponderável vôo da águia.
"


Texto extraído do jornal “O Globo”


publicado por oha às 09:30
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Dounia


publicado por oha às 08:39
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Promessa de uma noite

 

" cruzo as mãos

sobre as montanhas

um rio esvai-se

ao fogo do gesto

que inflamo

 

a lua eleva-se

na tua fonte

enquanto tacteias a pedra

até ser flor"

 


publicado por oha às 08:16
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Sexta-feira, 1 de Maio de 2009

1º de Maio de 1974

1 maio.jpg


publicado por oha às 21:44
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